terça-feira, 18 de março de 2014

Dupla Perseguição: Capítulo 34





O nervosismo estava no limite na casa de Neal. Nicolle, June, Jones, Diana, Peter e Elizabeth tentavam acalmar Neal, Rachel...e Mozzie. Além do medo por George, Mozzie se sentia culpado, mesmo que ninguém ali o julgasse. Estava muito na cara que foi algo armado por Alex, por ela estar com raiva de Neal. O FBI ia começar buscas, Neal estava tentando contatar Alex, mas não tinham resultados. E eles não contaram para Peter o que deixou Alex com raiva.
            - Se ela machucar o meu filho, Neal, eu juro que mato a sua amiguinha! – Rachel estava furiosa como nunca na vida. Se estava com raiva, Alex podia ter vindo acertar as contas, mas não machucar seu filho. George não. Ela não iria sair ilesa disso.
            - Seu, não! – Neal também estava nervoso. – George é nosso! Meu e seu e eu estou tão preocupado quando você!
            - Acalmem-se crianças. George precisa de vocês unidos. – June disse.
            Nesse momento todos ouviram a campainha tocando. Estranharam. June desceu para ver quem era.
            - Faltava alguém para compor a cavalaria? – Mesmo triste e preocupado, Mozzie era sempre Mozzie.
            - Não. Mais ninguém viria aqui. – Neal disse estranhando. Não era hora para uma visita surpresa.
            A surpresa e a comoção foi completa quando June retornou trazendo Alex. Ela carregava o bebê-conforto onde George sorria feliz em voltar do ‘passeio’.
            - Olá...mas qual a razão da recepção? – Ela fingia não ter nada de errado em sumir com uma criança sem avisar. Rachel arrancou o bebê das mãos dela. – Calma! Nós só fomos dar um passeio.
            - Passeio?!?! – Peter gritou. Nunca gostou de Alex. – Sem avisar?
       - Mas é claro que avisei. Tenho certeza que Neal entendeu meu recado. Não foi, querido? – Era uma clara retaliação a Neal por ter lhe dito não. Mas isso ela não ia dizer para um agente do FBI.
            - Vai embora, Alex! – Neal disse. – Hoje o seu show já foi longe demais!
            - Não, Neal. Ela não vai embora ainda. – Rachel falou.
            Todos viram que Rachel estava quieta, tranquila demais. Ela não era assim. Calmamente, Rachel colocou George no colo de Neal. Ele se aconchegou ao pai.
       - Quer conversar comigo? Algo em especial, Rachel? – Alex provocava, sem saber a tempestade que ia enfrentar. Todos na sala trocaram olhares.
            - Não, não vamos conversar. – Rachel se aproximou de Alex e deu apenas um aviso. – Cala a boca! E se prepara pra apanhar! – Logo o primeiro tapa estava estalando no rosto de Alex. Ela não teve tempo de reagir.
            Neal tentou interferir. Não que duvidasse de Alex merecer a surra. Tinha medo é de Rachel exagerar e, além disso, estavam na frente de agentes do FBI. Ela podia ter problemas.
            - Não! – Mozzie disse. – Alex mexeu com o bebê-Neal. Merece uns tapas! Além disso...melhor Rachel descarregar a raiva em Alex do que em você.
            A equipe do FBI também não se importava muito com o que viam. George era muito querido, quase o mascote da equipe. Mexer com George merecia um castigo. E eles iam deixar Rachel bater um pouco. Peter sentia raiva de Alex, mas sabia que era errado ver Rachel espancar a garota. Não era assim que se resolvia as coisas. E se ela derrubava um homem, arrebentaria Alex. Porém, ao olhar para o lado desistiu de interferir.
            - Não! – Disse Ell. – É uma mãe defendendo o filho. É uma força da natureza. Não ouse interferir, Peter Burke!

            Sem a interferência de ninguém, Rachel garantiu que Alex recebesse uma lição inesquecível. Bateu muito. Estapeou o quanto pode o rosto dela. Puxando-a pelos cabelos, a fez gritar, implorar por socorro de alguém da sala.
            - Para! Para! Você tá me machucando! – Dizia a ladra.
            - É pra machucar mesmo! É pra tirar sangue dessa sua cara! É pra você aprender a mexer com gente do seu tamanho! – Rachel falava e batia.
            - Eu vou te processar por agressão!
          - Vai! Claro! Como se a sua ficha permitisse entrar em uma delegacia! Mas fique a vontade! O FBI já está aqui, inclusive.
            Rachel a virou de bruços no chão e imobilizou segurando-a pelos cabelos. Aproximou os lábios de seu ouvido e gritou bem alto.
            - Presta a atenção porque eu vou falar só uma vez: Fica longe do meu filho! Ou eu te mato! Pode perguntar pro Burke o meu histórico! Eu sou capaz de te matar! É só você se meter com o meu filho novamente. Toca nele, olha pra ele mais uma vez e eu te mato! Alex, eu arranco seus olhos! Eu quebro todos os dentes da sua boca se você se meter com meu filho de novo! Você entendeu?!?!? – E continuava batendo enquanto falava.
            - TÁ BOM! EU ENTENDI! Eu não vou mais chegar perto do seu filho! – Alex não sabia como lidar com aquele furacão. Não esperava por aquilo. – Sai que você tá me machucando. Tá doendo.
            - Eu sei que machucou. – Rachel deixou que ela levantasse do chão. – Eu sei porque tá vermelho o seu rosto. Porque a minha mão tá marcada na sua cara!
            Porém, só foi preciso um momento para Alex já querer provocar. Ela se sentia humilhada pela cena que tantas pessoas viram e quis revidar enquanto saía do apartamento e descia as escadas de June.
            - Sua horrorosa! Pensa que o moleque vai segurar o Neal muito tempo? Não vai! Logo ele volta pro nosso mundo! – Ela brincava com fogo provocando Rachel.
            As duas continuaram a briga, agora correndo para o outro andar. Todos correram para ver o final. Alguns riam, outros já estavam preocupados. Rachel voltou a pegá-la pelos longos cabelos e jogá-la no chão. Dessa vez Alex bateu com a boca na quina de uma mesa. Um filete de sangue escorreu por sua boca.
            - Olha o que você fez sua maluca? – Alex procurou por Neal. – É com essa demente que você namora? Olha o que ela me fez!
            Neal até tentou, mas não conseguiu responder nada. Sentia por Alex, mas estava orgulhoso da fúria com que Rachel defendia George. Toda criança merecia uma mãe assim. Rachel, no entanto, o cortou e não deixou falar.
            - Eu fiz pouco! Muito pouco, Alex. Pouco perto do que eu podia ter feito. E menos ainda do que eu vou fazer se você chegar perto do George novamente. – Rachel já estava se acalmando e encarou Neal para dar um último aviso. – Se o Neal quiser conviver com cobra, o problema é dele. É bem crescidinho e pode escolher as amizades. Mas no meu filho você não encosta essas presas venenosas novamente...ou eu mesma acabo com você. Eu já matei, Alex. É por isso que eu uso essa linda pulseira, presente do FBI. – Ela ergueu o tornozelo e exibiu o acessório. - Pelo George eu sou capaz de te matar. Espero que tenha entendido o recado!

 (Nota das autoras: Vejam o vídeo! Esse tem de ser visto. Onde é dito Sílvia, imaginem Alex e não liguem para o fato dela estar de roupão. Imaginem uma roupa comum.)
            Com isso ela voltou para o apartamento deixado Alex ir embora humilhada.
            Depois do ‘show’ todos beijaram George e se despediram. Somente Neal e Rachel ficaram no apartamento. Peter autorizou a permanência dela lá. Afinal, depois de tudo Rachel estava precisando do filho. E ele chegava a conclusão que dormindo juntos eles ao menos não se agarravam no escritório.
            Já com o apartamento vazio, Rachel deu banho em George e o colocou no berço. Quando olhava para o filho adormecido Neal abraçou-a.
            - Você me ofende se pensa que entre vocês e Alex, eu escolheria ela. – Disse em seu ouvido. – Jamais daria razão para Alex ou desculparia o que fez. Ela quis me assustar e conseguiu.
            - Você gosta dela. – Ela se encostou no peito dele. – Eu pesquisei a sua vida, lembra? A Alex faz parte dela há muito tempo. Sei que ela é importante para você, Neal. E até achava que gostava de você. Não imaginei que faria isso. Ela me surpreendeu hoje.
            - A Alex é muito emocional. Sentia ciúme de Kate. Agora sentiu de você. E eu não a ajudar no roubo piorou a situação. Ela vai sumir um tempo.Sempre faz isso.

            Eles estavam tão cansados, emocionalmente acabados. A ideia de perder George era impensável. Doía demais imaginar. Carentes do menino, buscaram-no do berço e colaram na cama. Naquela noite tudo o que fizeram foi dormir, ali, abraçados e vendo George ressonar tranquilo. Ele pareceu adorar a aventura.
            Todo o restante da semana foi dedicado a solucionar o caso de lavagem de dinheiro. Quatro dias depois, estavam todos a postos, novamente no cassino. O FBI daria seu show para ludibriar Jeff Eastin, Joan Binder Weiss e enganar o Senador Mark Goffman. Neal precisaria vencer todos os demais participantes no jogo e ficar a sós com Goffman.
            - A sós, você insinuará que sabe do golpe e tentará arrancar uma confissão. – Peter orientava a operação porque ele também ‘perderia’ no jogo. Fazia parte do truque de mostrar o quanto ‘Nick Halden’ era bom.
            - Não será fácil. Ele não vai dizer que rouba a qualquer um. – Levaria muito tempo.
            - Por isso eu tenho Neal Caffrey e não ‘qualquer um’ como consultor. – Era uma provocação para atiçar o instinto vencedor de Neal. – Se ele não comprar a história, ao menos o deixaremos desconfiado. Aí estaremos acompanhando seus próximos passos. Coloque a escuta no bolso dele, como garantia.
            - Certo. – Já tinham tantas operações em conjunto que Neal já conhecia a forma de pensar de Peter. Acompanhava-o facilmente.
- Diana, você distrai o Jeff Eastin. Não sabemos o quanto ele lembra da Rachel e, mesmo morena, prefiro não arriscar. A nossa ‘Rebecca’ ficará responsável pelo Weiss. A tarefa é simples: distrair os dois para que Neal consiga enrolar o Goffman. Todos prontos?
            - Sim. – Em coro responderam.

            Para Diana e Rachel a tarefa foi relativamente fácil. Jeff e Joan ficaram próximos ao senador até ele ir jogar. Depois, queriam aproveitar a noite. As duas se aproximaram e eles morderam a isca. Seria só questão de enrolá-los ali pelo salão mesmo e, quando resolvessem levá-las para algum quarto, colocar algum ‘remedinho’ na bebida. 
            - Você é muito linda, sabia? – Jeff Eastin pareceu bem interessado em Diana.
            - Que bom que gostou... – Ela sussurrou no ouvido. Estava ficando melhor em sedução.
            Joan também parecia só ter olhos por ‘Rebecca’.
            - Quando vamos procurar um quarto? – Que disse.
        - Quando quiser...mas acho que podíamos esperar seu amigo e...fazer uma noite a quatro. O que você acha?
            - Perfeito...vou pegar mais bebida então. – Ele disse e caminhou para o bar.

         Já para Neal a tarefa era mais difícil. A partida contava com jogadores experientes. E o truque de humilhar Peter não ia adiantar nada se perdesse para os demais. Tinha que derrotar a todos e impressionar Mark Goffman.
            A sorte do FBI é que Neal Caffrey podia emprestar a Nick Halden alguns talentos, entre eles ser um perfeito jogador de pôquer. Sabia os movimentos, sabia blefar...e sabia roubar no jogo.

 
            Um a um os jogadores foram desistindo. Até que ficaram apenas ele e Goffman. Estava decidindo ainda se deveria ganhar ou perder. Goffman era um homem onde o ego prevalecia. Essa seria sua chance de vencê-lo.
            - Posso ser melhor aliado do que competidor. – Avisou enquanto analisava suas cartas. Podia vencer a mão do jogo, mas talvez essa não fosse a melhor jogada.
            - Esse jogo é individual, Sr. Halden. Não há aliados.
            - Eu posso não estar falando desse jogo, Senador...mas do cassino...e das coisas que ele esconde. – Atirou a pedra no telhado frágil de Goffman.
            - Não sei do que está falando. Jogos de cassino são permitidos nesse país. Não há nada de ilegal aqui.
            - Nós dois sabemos o que o cassino esconde, Senador. – Jogou suas cartas na mesa sabendo que ali teria apenas que deixado desconfiado. Ele não ia falar. – Pegou um guardanapo e escreveu um número de telefone. Deu a volta na mesa e enquanto estendia o número, colocou a escuta no paletó de Goffman. – Meu número. Me ligue quando quiser conversar. Eu posso te ferrar...ou ser seu aliado.

            Daí para frente, precisariam esperar para ver qual caminho Goffman iria escolher. Se ligasse marcando um encontro, teria que arrancar dele a confissão. Se fosse consultar algum parceiro para investigar Nick Halden ou disfarçar o golpe, a escuta lhes daria a dica.
            - Desde que ele faça isso ainda essa noite, vestindo o paletó. – Neal lembrou, na van, quando todos se reuniram.
            - Só esperando para ver. – Peter respondeu. Depois olhou para Rachel e Diana. – Vão colocar suas roupas normais, por favor? Acabou a sedução.
            Elas riram e foram obedecer o chefe. Diana e Rachel estavam se dando bem como parceiras.
            Não demorou para Goffman morder a isca. Ele telefonou para alguém e aparentava nervosismo. A proximidade com as eleições tornava a ideia de um escândalo ainda mais assustadora. Ele disse um endereço e exigiu a presença do comparsa no dia seguinte.
            - Mas que droga! Me encontre lá! Já chega o Jeff e o Joan que sumiram! A gente tem que decidir uma estratégia. Não sei o que o cara sabe, mas ele estava seguro demais. A gente precisa ter certeza de que não ficaram rastros. Depois é só apagar ele. – Disse finalizando a ligação.
            Se havia alguma dúvida, esta acabou ali. O Senador Goffman não apenas confirmou que havia um golpe, como afirmou que mataria Nick Halden. Não havia outro plano se não estar naquele endereço antes e fazer uma busca para ver se encontrariam algum documento que comprovasse a lavagem de dinheiro. Também colocariam câmeras e escutas. Durante a conversa dos bandidos, a prisão seria efetuada.
            Todos na equipe comemoraram. Tinham certeza de que tudo correria bem. Antes de ir para casa, Peter autorizou Rachel a ficar com Neal no apartamento.
            - É tarde...e é mais fácil do que fazer um agente te escoltar ao FBI. – Era um desculpa de Peter. – E assim garanto que não apareçam mais vídeos interessantes pelas salas do FBI! Boa noite para vocês.
            Uma noite de amor, de descanso e de sexo nos braços um do outro e estavam prontos para desmascarar um senador federal. A vida no FBI tinha seus momentos divertidos. Rachel adorava aquela parte do trabalho, armar a estratégia, preparar o equipamento, o serviço de inteligência. Isso sempre mexeu com ela, desde antes de entrar na MI5, quando apenas acompanhava o trabalho do pai. Agora a vida lhe dava aquilo novamente e com Neal Caffrey como bônus. Nunca teve na MI5 uma equipe tão boa como aquela. Não foi em vão que conseguiram prender ela e Neal. Eram bons.
            Com o equipamento instalado e reforço aguardando, foi apenas questão de esperar o Senador chegar com os dois comparsas habituais, já recuperados da bebedeira. Depois mais dois homens apareceram. 
            - Ótimo! – Comemorou Peter. – A quadrilha toda vai cair na armadilha.
            Ficaram esperando eles conversarem. Trocaram xingamentos, queriam descobrir como o golpe tinha vazado. Obviamente, não chegaram a resposta alguma. Um desconfiava do outro. Uma arma foi engatilhada e a equipe se preparou para invadir.
            - Esperem! Vamos aguardar por uma confissão mais clara. – Disse Peter. – Ainda é pouco.
            Esperaram até que finalmente conseguiram o que queriam.
      - Se esse garoto descobriu que é dinheiro do estado, vai nos chantagear. Vai querer grana. Vamos ter que dividir. – Disse Goffman.
            - Não vamos dividir nada. Mete uma bala nele e acabou. – Outra voz soou.
            - É claro que não! Não vou entregar a grana pela qual arrisquei meu mandato! Vou dar corda para ver o que ele sabe, se tem alguma prova do desfalque que fiz. Quando tiver certeza, é só matar.
         Com a confissão gravada, o FBI invadiu o lugar escuro e abandonado. Nenhum dos homens quis falar. Sabiam que estavam encrencados.
            - Acho bom a grana ter sido boa, Senador. Porque custou o seu mandato. – Peter disse ao fechar as algemas.

            Caso encerrado. Mais um! E a segurança de que o acordo com o FBI permanecia. Viver sempre sob a pressão de voltar para a cadeia podia ser tão difícil quanto estar lá. Rachel sabia que não podia errar.
            Naquele final de semana Peter mostrou que estava realmente tentando ser mais legal com ela. Ofereceu, por livre e espontânea vontade, a chance de ficar com Neal.
            - Sério? Você vai deixar sem eu ter de pedir? Implorar? – Rachel nem acreditava.
            - Vou. Você e o Neal me ajudaram bastante e eu estou retribuindo, além de garantindo que você se mantenham discretos por aqui.
            - Aaaa entendi...é...você está concedendo a minha ‘visita íntima’. – Era ridiculamente constrangedor.
       - Mais ou menos isso. Então, Rachel, bom final de semana e não esqueça do perímetro da tornozeleira. – Foi o último aviso. Peter também tinha planos para um final de semana maravilhoso junto com Ell. Só eles e sem nenhum problema.

            Rachel e Neal quase não se continham de felicidade. Um final de semana inteiro no apartamento e sem a casa cheia de visitas indesejadas. Tinham o sábado e o domingo só para eles. Até Mozzie foi viajar! Provavelmente dar algum golpe. Ele ainda era muito requisitado no mundo do crime e sempre tinha alguns ‘trabalhos’. Então apenas Neal, Rachel e George ficaram.
            Passaram o sábado na rua, passeando. George adorava a rua, se exibir sorrindo para cada um que passava.
            - Ele herdou isso de você! Será charmoso feito o pai! – Rachel ria.
            - Claro! Será o menino mais disputado da escola.
            - Um perigo!
            Neal a beijava calmamente, num carinho gostoso. Estavam caminhando na rua como um casal comum. Quem passava por eles via apenas um homem e uma mulher apaixonados. Não importava a fixa policial extensa dos dois ou o fato dela ainda usar uma tornozeleira. Só importava o momento em família.
            - O que quer fazer amanhã? – Neal perguntou.
           - Cansar George bastante pela manhã. Deixá-lo exausto para dormir a tarde toda. Só pra poder usar e abusar do meu namorado. O que acha?
            - Vai abusar de Neal Caffrey?
           - Vou. Muito! Vou deixar você exausto! – Ela sabia exatamente como.
            - Eu topo o desafio. Vamos ver quem cansa primeiro!

            O domingo foi realmente de muitas brincadeiras para cansar George. O que não era sacrifício algum. Aos seis meses George era um bebê muito ativo e esperto, a convivência com Mozz pode ter ajudado nisso. Só que cuidar de um bebê dava trabalho e por volta das 16hs quando ele estava em um sono pesado, eles também já estavam cansados e o chão do apartamento uma bagunça só.
            - Eu vou tomar um banho. – Rachel disse.
        - Eu vou arrumar isso tudo aqui. Como podemos fazer tanta bagunça?
           - Não sei...pobre Mozz...será que o George cansa ele assim? Vai ver é só com a gente que ele se nega a dormir. – Rachel lhe deu um último beijo e saiu rumo ao banheiro.
            Neal ficou na sala organizando tudo enquanto ouvia o chuveiro ligado. Pensava seriamente em se juntar a ela assim que acabasse com a bagunça. Alguns minutos depois, no entanto, duas coisas ocorreram juntas: o chuveiro foi desligado e bateram na porta. Quem poderia ser num domingo a tarde e sem convite?
            Quando abriu a porta, não poderia ficar mais surpreso. Alguém que não via há muito tempo. Mas de dois anos. Alguém que foi especial. Alguém que talvez pudesse ter amado e formado uma família. Mas esse alguém foi embora sem lhe dar a chance. Sara Ellis estava a sua porta.
            - Neal! – Ela gritou entrando.
            Sara estava bonita e arrumada como sempre. Equilibrava-se em saltos altíssimos e parecia eufórica. Era exatamente a Sara de que se lembrava. Ia obviamente convidá-la para entrar, sentar, tomar um café, conversar... e apresentar Rachel. Mas Sara não lhe deixou falar. Já entrou abraçando-o do alto de seus saltos finos. Atirou a bolsa sobre o sofá e se grudou em seu pescoço. Sara Ellis parecia não ter percebido que eles não eram mais namorados e que anos haviam se passado. Ela agia como se ele tivesse ficado ali, esperando por ela por todo esse tempo.

            - Calma Sara... - Ela não o deixou falar. Beijou-o antes de dizer qualquer coisa. Logo Neal a afastou. – Espera Sara!
            - Neal...parece que não está feliz em me ver. Eu acabei de chegar da Inglaterra e vim te ver! Só larguei as malas no hotel e vim para cá! E... – Só nesse momento Sara olhou em volta e viu a bagunça...nunca tinha visto a casa de Neal assim.

            Não demorou muito para Neal e Sara verem a mulher de cabelos curtos e negros observando-os. Seus olhos azuis estavam destacados, parecia uma felina. Sara se afastou pensando que aquela deveria ser mais um dos casos de Neal. Ela não sabia nada de Rachel, nem de George.
            - Sara, essa é a Rachel. Ela é minha namorada. – Apresentou Neal. – Como você sabe, Rachel, essa é a Sara...minha ex-namorada.
            - Boa tarde Sara...EX namorada. – Rachel estava furiosa, afinal, Neal deixou que a garota o beijasse. Ninguém era beijado sem querer. – Vocês parecem ter muito o que falar e fazer. Então fiquem. Eu é que não vou atrapalhar. Vou pegar meu filho e deixá-los a vontade!
            - Filho?!?! – Isso era tudo que Sara não imaginava. Neal estar com alguma mulher era previsível. Mas uma namorada firme...e a garota tinha um filho.
            Ela levou um susto ainda maior quando viu que era um bebê pequeno. E parecido com Neal. Será que podia ser verdade? Neal Caffrey pai?
            - Neal... -  Ela exigiria uma explicação!
            - Bem vinda a minha atual vida Sara! Esse é o George, meu bebê. 
            Rachel foi até  o berço e pegou George dormindo, enrolado no cobertor e saiu com ele nos braços. Neal foi atrás dela. Não podia deixá-la sair assim.
            - Não pense em vir atrás de nós! – Disse a Neal. – Fique com a sua amiga. – Rachel com ciúme era terrível. Neal estava começando a entender isso.
            Pensando, percebeu que antes de ir fazer as pazes, precisaria se livrar de Sara. Gostava de Sara. Ela foi uma boa companhia durante algum tempo, o sexo era bom..., mas nada se comparava a Rachel. A verdade é que ele nem percebeu a falta de Sara. Ela era ainda menos que Alex. Porque Alex ao menos o aceitava como era, já Sara desejava uma edição de Neal Caffrey.
            - Sara...é bom te rever. Só que você chegou numa hora ruim então...
            - Vocês estão juntos, é isso? – Ela ficou envergonhada pela forma como invadiu a casa.
            - Sim juntos. – Neal não queria ser grosseiro, mas precisava ser rápido para alcançar Rachel. – Eu preciso ir falar com a Rachel, Sara...então...
            - Espera eu queria fa...
            - Agora não dá, Sara. – Ele já ia saindo pela porta. – Quando você sair...bata a porta.
           
            Sara foi embora do apartamento de Neal bem chateada. A seguradora a tinha enviado para NY para investigar o roubo de um quadro, mas ela logo pensou que poderia rever Neal. E ele estava com uma namorada. E um filho! Só fez papel de boba. Amanhã iria ao FBI e descobria tudo o que se passou nesse tempo.
            Neal correu cinco quarteirões até encontrar Rachel e George. Ela não queria vê-lo, percebeu pela agilidade de seus passos. George chorava. Provavelmente, não gostou de ser tirado do berço no meio do sono.
            - Rachel...espera. – Nada, nem mesmo um olhar. – Rachel! Eu estou aqui. É você quem eu quero.
            - Volta pro ‘saco de ossos’! – Sara era muito magra e Rachel achou o apelido perfeito.
            Neal riu. Era só o que podia fazer.
            - Para, Rachel! – Ela continuava caminhando. – Eu aprendi a gostar de um pouco mais de carne, querida. Uma mulher de coxas grossas me enfeitiçou.
            - Some Caffrey! Vou pro FBI com George...fique com a perfeita Sara! Ela está bem interessada. – Rachel gritou e apenas baixou o tom de voz quando o choro de George se intensificou. – Calma bebê. Mamãe não está gritando com você. É o seu pai o culpado!
            - Eu? – Que culpa tinha? – Não! O que eu fiz?
            - Ela estava te beijando! E não ouvi você reclamar.
            George berrava.
            - Me dá ele. – Neal pegou o bebê. – Calma, meu filho. Papai e mamãe não vão brigar  mais.  Eu fui pego de surpresa. Rachel....por favor...eu não quero nada com ela. Eu quero você, só você, a minha Afrodite.
            Ela ainda o olhava desconfiada. Neal era muito bom em enganar e ela tendia a se derreter por aqueles olhos azuis. Não queria ser traída, não queria perdê-lo para Sara. Mas George, agora com Neal, ainda chorando, a fez deixar de pensar neles. O filho era mais importante. Tocou o rosto do menino e percebeu que ele estava febril.
            - Ele está quente, Neal. – Isso era normal para crianças, mas ela se assustou. Afinal, em seis meses, George nunca tinha ficado doente. – Vou ligar para o pediatra.
            - Liga. – Neal também se assustou. Não sabia como lidar com isso. – Mas liga enquanto voltamos para casa! Vocês vão dormir exatamente onde estava planejado. Sara não vai estragar o nosso final de semana em família.

         O pediatra de George os tranquilizou. Era normal que bebês tivessem febre uma vez ou outra. Ele podia ter pego frio, podia ser uma virose ou simplesmente algum dentinho nascendo precocemente. Pediu para dar um bainho morno e algumas gotinhas do antitérmico.
            - Ele vai dormir a noite toda e acordar bem pela manhã. – O médico estava acostumado a lidar com as dúvidas de pais de primeira viagem. – Se algo fora disso ocorrer, você me liga.
            Mas nada de anormal ocorreu. George se acalmou com o banho e após o remédio, tomou a mamadeira e dormiu tranquilamente. Pela duas primeiras horas, eles ficaram cercando-o, tocando para ver se a febre voltava. Depois se tranquilizaram. George estava bem.
            Neal pensou que era hora de cuidar da relação deles. Rachel não podia ficar com nenhuma dúvida do que ele sentia. Resolveu ser ousado! A puxou e levou até a cama. Rachel o olhou confusa, mas quando percebeu já havia amarrado-lhe os braços na cabeceira e dito com voz firme:
- Agora vou provar que não quero o ‘saco de ossos’ e sim você, minha Afrodite, que me enfeitiçou com seus cabelos vermelhos e com e, pra melhorar ainda, agora tenho uma linda morena como namorada, que me enlouquece e me faz perder a cabeça.

Rachel o olhou com ironia e disse:

- Caffrey, você está me subestimando? Sabe que consigo sair daqui em cinco segundos.
-Shiiiii Rachel. - Ele sussurra provocando arrepios e, na luxuria do momento, ela não se lembra de mais nada seus pensamentos. 
Mesmo gostando de seus toques e seus sussurros, quando fecha os olhos, a imagem que vem a sua mente é a da ‘Barbie anoréxica’  e a raiva lhe cega, começa a se mexer tentando se soltar pois sabe que Caffrey  é o melhor na arte da sedução e desta vez ela não iria aceitar tão fácil assim.

- Por que você não pode ver um rabo de saia Neal! Por quê? – Rachel o acusou. Apesar de parecer, estava longe de ser uma pergunta.

Neal a olha com o sorriso mais sexy capaz de derreter qualquer geleira.

- Rachel, chega! Você vai me deixar louco com essas insinuações de que eu quero a Sara. Eu não teria ido atrás de você, eu só quero você,minha leoa indomável, e agora vou aproveitar que te dominei e usar esse seu lindo corpinho... já te falei que fica  mais linda quando ta brava? – Neal usava todo o seu repertório de sedução.

Ele era mesmo um desgraçado e mentiroso! O mentiroso mais sexy de todos os tempos...e estava conseguindo convencê-la. Por mais que sentisse raiva, Rachel não conseguia desistir daquele salafrário. Seu salafrário!

- Ahh como eu adoro seu cheiro sua pele macia. – Ele vinha deixando um trilha de beijos por seu corpo.
Rachel não desiste e começa a xingar de raiva por sempre cair no jogo de sedução de Neal. Hoje estava determinada a não se deixar levar...só não sabia até quando sua força resistiria.
- Por que você não vai atrás da sua Barbie anoréxica hein? Aposto que se está cama falasse...não nem quero pensar, quero sair daqui agora Caffrey! Me solta ou você vai se arrepender ela! - Diz enfurecidamente.

Mas ele não desiste e continua sua tortura beijando, provocando com seus dedos habilidosos e com sua voz mais sexy do que um inferno já sabendo que a deixa louca.

- Pare de pensar bobagens. Depois que te conheci não existiu outra mulher deitada nesta cama. Ele falou tão convincente que Rachel quase acreditou. - Mas se quiser eu troco a cama.
            - Se não foi a cama, quem garante o sofá? – Responde ela com toda a calma.
- Eu não quero outra mulher, não me canso de fazer amor com você, nunca vou cansar. - Pra não correr o risco de acordar George que estava em um sono profundo por conta da medicação, resolveu ‘melhorar’ a brincadeira. - O que acha desta linda gravata hein?

Logo Rachel estava amordaçada e eles se encarando olhos nos olhos. Ela parecia uma fera enjaulada, deixando o com mais tesão, o que era difícil de acreditar. Só o pensamento de que agora estava a sua mercê o deixava louco. Começou tirando suas roupas, sempre a olhando nos olhos, nunca desviando o olhar, demonstrando o quanto a deseja. E Rachel sempre o observando, nunca vacilando apesar da sua raiva. E quem a culparia? Mesmo sendo um mulherengo, Caffrey estava ali com ela fazendo o possível para mostrar-lhe o quanto a desejava. Quando chega ao cós da calça, a indaga:

            - Gostando do show querida? Sou todo seu! Quando você vai entender? Sou seu! - Ele fala e então tira sua calça e cueca fazendo questão de mostrar sua enorme ereção. - Você está vendo o quanto te quero. - E sobe na cama começando a despi-la. -  Agora seja uma boa menina e facilite as coisas.

E começa a apertar sua pele... por onde passa vai deixando-a louca, a pele queimando feito brasa, enfurecida por não poder dizer nada. Neal termina de lhe tirar as roupas e  observa o corpo perfeito de Rachel, beijando, tocando sua fenda e fazendo-a se curvar com o prazer.
- Você pode querer lutar, mas eu sei que me quer. - E conforme ela se curva, seus seios ficaram perto de seu rosto e ele começa uma sequência de carícias no seio morde, chupa e para e, para delírio de Rachel, assopra lentamente, deixando o bico endurecido. Ela solta gemidos baixos e Neal sente sua umidade o deixando com mais vontade. Então coloca-se por cima dela e a acaricia aumentando a pressão dos dedos.
- Goza pra mim Rachel! - As palavras são como um abismo para o auto controle que ela tentava manter. O orgasmo se tornou mais intenso e Neal a olha e tira a mordaça, beijando carinhosamente. Um beijo  preguiçosamente lento, cheio de promessas.
-Essas coxas me fazem perder a cabeça, Rachel. Você tem noção do quanto é gostosa? – Diz tocando o clitóris e sem que ela estivesse esperado  lhe dá um tapa, fazendo-a soltar um grito. Sem demora ele abafa seus gritos e gemidos com uma beijo evitando que Rachel acorde George .
E se beijam apaixonadamente, provando os lábios doces e macios de Neal ela se entrega ficando totalmente a sua mercê. Tão envolvida com as carícias, Rachel não percebeu que ele já soltou suas mãos e agora só a segura forte.
 - Aiiiiiiii – ela grita com mais um tapa em seu sexo que lhe causam choque de prazer.
- Droga, queria te fazer implorar, mas você tira todo meu controle.

Pairando sobre ela e ainda segurando seus braços, com único movimento a penetra. Então começa a se movimentar rápido e em questão de segundos os dois explodem em um orgasmo um orgasmo único. Suas respirações estavam descompassadas e sincronizadas. 
Quando ele já não está dentro dela,Rachel coloca sua cabeça sobre o peito dele sentindo segura e pensando o quanto ama estar em seus braços ela fecha os olhos aproveitando o momento escutando a respiração de Neal.

- Eu Te Amo. – Neal se declarou.

E naquele momento nada mais importa nem ninguém ela só quer estar com o homem que ama e pai de seu filho.

-Eu também, Neal, eu também te amo.

            Ficam apenas se curtindo algum tempo para só depois voltarem a falar.
- Você ainda tem dúvidas de quanto te quero? Acabei de gozar e já estou duro novamente. – Neal disse.

E suas palavras a deixam louca. Com Neal tudo era sempre diferente. O desejo era diferente, bastava encostar que já estava queimando.
Neal, com um movimento rápido, troca de posição deixando-a de quatro e começa bombear profundamente. Ela se segurava na cabeceira da cama e movimentando-se junto a ele. Quando chegaram ao orgasmo, Neal caiu por cima de seu corpo nu, totalmente exausto e fez com que se deitasse ao seu lado.
Quando Rachel dormiu, Neal ficou observando-a, extasiado,  admirando sua beleza e pensando no  quanto aquela fera indomável era amada. “O destino gosta de brincar com sentimentos, sempre pensei em ter uma família, e quem diria que a mulher da minha vida seria uma criminosa igual a mim”, pensava enquanto via dormir. Ele ainda ficou muito tempo acordado refletindo sobre as mudanças ocorridas em sua vida.

   



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