domingo, 17 de março de 2013

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 23: prazer de viver



- Esquece isso Ana. Era para te assustar. – Disse enquanto abria seu sutiã.
            - O que está fazendo?      
- Você vai relaxar num banho de banheira.
- E você?
- Estarei junto, é claro. Não pense que irá se livrar de mim, senhora Grey.

            Estavam os dois na banheira cheia de espuma. Christian não tinha nenhuma intenção sexual naquele momento. Não que deixasse de sentir desejo olhando e tocando o corpo de Ana, isso nunca, mas agora existiam outras prioridades. Sabia bem o que era ter um trauma para superar. Somente conseguir passar pelo seu graças a paciência e amor de Anastásia. Agora era sua vez de retribuir.
            Esse momento era na verdade um teste e uma terapia. Queria que Ana soubesse que ele conhecia seu corpo como ninguém e que não seria Jack a destruir sua intimidade. Quando a despiu foi muito doloroso vê-la com tantos hematomas, mas ficou calado e não transpareceu nada. Se pudesse faria com que ela não visse as marcas para não lhe dar chance de ficar triste. Calmamente lavou seus cabelos, agora curtos e, com toda a delicadeza, acariciou e banhou todo seu corpo. Queria que ela lembrasse apenas do seu toque e esquecesse que outras mãos estiveram ali.

            - Está bom o banho, senhora Grey? – Perguntou querendo ouvir a melodiosa voz da esposa.
            - Você repete isso tantas vezes que eu estou quase esquecendo que estamos divorciados. – Respondeu ela constada ao peito dele.
            - Nós vamos resolver essa questão rapidamente. Não quero ficar separado de você...mesmo que isso seja apenas um papel. Na prática, Ana, você nunca deixou de ser minha mulher. Desde o dia em que você caiu no meu escritório, desde que em vi você pela primeira vez, gaguejando um ‘senhor Grey’ muito tímido, desde aquele dia eu sou só seu e você é minha. Eu te amo.
            - Eu...não..não seu se quero voltar a casar Christian. – Ela viu os olhos dele ficarem tristes. – Eu também te amo...mas...eu não sei se eu poderei ser a esposa que você quer.
            - Ana, eu sei que eu errei com Teddy. Mas eu não vou errar com esse bebê. Eu prometo que eu vou te recompensar por todo o amor que te faltou. Eu só preciso de uma oportunidade. Uma oportunidade para te provar que eu posso ser um bom pai.
            - Não é isso. Você já é um ótimo pai pro Teddy. Ele te ama. E esse bebê vai ter o melhor pai do mundo.
            - Então porque não quer voltar a ser minha?
            - Eu sou sua...mas agora...depois de tudo que ocorreu...eu não sei como eu vou reagir...como será quando nós formos ter alguma intimidade e...
            - Isso é uma bobagem Ana. Eu te amo. Não é só sexo.
            - Mas sexo é parte importante. Se eu achar que não posso te fazer feliz, porque casaria com você? Pra nos separarmos novamente mais pra frente quando você encontrar outra que te satisfaça completamente?
            - Ana? Do que você está falando? Nenhuma outra vai me satisfazer como você. Eu nunca vou encontrar outra que chegue aos seus pés.
            - E as suas outras submissas?
           
Ele sorriu ao perceber o ciúme que ela sentia.

            - Sabe quando que eu fui ter outra mulher, Ana? Depois daquele natal em que eu fui levar o leite do Teddy e te encontrei sentada no chão da sala, lindíssima e feliz, brincando com seu filho. Até aquele momento eu sonhava que nós íamos voltar...de alguma forma que eu não sabia qual era. Mas ali eu vi que longe de mim e com o bebê você era feliz. Além disso...não seria justo eu tentar tirar dele uma mulher tão maravilhosa. Eu morria de inveja do meu filho.
            - Eu não era feliz. Me faltava você.
            - E agora você diz que quer me deixar? – Não ia permitir. Dessa vez Ana não ira embora. – Como pode pensar nisso?
            - Não vou te deixar. Só se você me mandar embora.
            - Nunca. Nunca. Nunca. – Ele beijava seus cabelos. – Então porque não quer anular o divórcio?
            - Não sei...como será. Como vou reagir a você...na cama. Quando passar o risco da gravidez e eu for liberada pela médica, será que eu vou conseguir te satisfazer? Não quero te fazer infeliz. Vamos ser namorados por enquanto. Pode ser?
            - Você vai se recuperar. Eu vou cuidar disso. Então a minha ex mulher, mãe do meu filho e atual namorada que está grávida novamente não quer oficializar nossa relação. – Ele ria do absurdo. – Minha  assessoria de imprensa vai adorar quando isso cair na mídia. Eu só imagino as revistas de fofocas.

            Mas não estava ligando. Que falassem a vontade, que estampassem todos os jornais com fotos dos dois. Ana estava ali, a salvo, Jack estava morte e seu filho estava vivo. Era isso que contava. Secou o corpo da esposa delicadamente e lhe deu um leve beijo nos lábios. Aos poucos ela ia novamente se habituar ao seu toque. Tudo com muita delicadeza. Depois lhe trouxe uma refeição. O cardápio ela que escolheu: bife e batata frita. Não era muito saudável...mas não iria lhe negar nada.

            - Você perdeu peso. Precisa se alimentar bem. – Disse servindo o prato.
            - Desconfio que você vai me engordar rapidinho.
            - Vou mesmo. – Ele cortava o bife e lhe dava na boca já que ela não podia mexer os dedos recém operados. – Espero que com coisas mais saudáveis que batata frita.
            - É desejo. Não pode me negar. – Ela disse com cara de sapeca.
            - Desejo? Já? Achei que era só depois dos cinco meses.

            Ana o olhou atentamente. Como assim? Christian Grey não sabia nada de bebês.

            - E quem te disse isso?
            - Você me pegou, Anastásia. – Tímido ele se calou. – Coma. Depois eu te mostro.

            E ele mostrou. Depois que ela comeu, Christian a pegou no colo e levou até um quarto no segundo andar. Ela nunca esteve naquela parte da casa e a porta estava trancada. Parecia que era um quarto secreto. Seria outro quarto-vermelho-da-dor?

            - Lembra que eu te falei que um dia ia te mostrar umas coisas que te comprei e você nunca usou? – Ele lhe trouxe de volta dos devaneios.
            - Sim, lembro.
            - Agora eu vou te mostrar.

            Era um quarto cheio de...coisas...tudo quanto é tipo de coisas. Caras em sua maioria. Ele a colocou sentada na cama ao lado de uma verdadeira coleção de joias.


Uma verdadeira coleção de relógios caríssimos.



Caixas de lingeries finas.


Também tinham livros sobre gravidez e bebês.


- Você leu todos?
            - Sim. Eu queria entender...participar...mesmo que de longe.

Fora a todas as sacolas e caixas fechadas. Era como estar em uma loja que vendia todo o tipo de coisas. E não era só. Christian foi até o armário embutido na parede e abriu as portas.


Vestidos belíssimos se acumulavam, lado a lado, todos com as etiquetas. Há quantos anos ele vinha acumulando tudo aquilo. Não sabia o que falar. Reclamar por comprar compulsivamente? Agradecer? Perguntar por que ele não veio lhe entregar cada um dos pacotes? Não disse nada porque ele a fez chorar ao abrir a outra porta do móvel.


As lágrimas escorriam pelo rosto de Ana, mas dessa vez era de felicidade. Nem tanto, porque era uma felicidade perdida. Uma felicidade que deveria ter vivido com seu bebê. Era para Teddy ter usado cada uma daquelas roupinhas, ter brincado com aqueles brinquedos.

- Porque? Porque escondeu isso? – Estava confusa. – Porque comprou todas essas coisas se nunca ia ver Teddy? Você dizia que não o queria, que não o amava e...comprava tudo isso? Porque Chris?
- Eu sempre quis vocês Ana, sempre, a cada dia. Mas nunca achei que eu fosse fazer bem pra vocês. Então eu achei melhor deixar vocês serem felizes sem a minha presença. O primeiro presente que eu te mandei, você devolveu. Então eu comprava e guardava. Aí a cada viagem que eu fazia eu te trazia um presente...as vezes alguns. Um dia eu estava em Tóquio e foi num shopping escolher algo. Eu passei numa loja de bebê linda e entrei. A vendedora me perguntou de que o meu filho gostava de brincar...e eu não sabia responder. Eu senti vergonha. Comecei a comprar coisas pra ele também. Mas depois eu comecei a ver as roupinhas ficando pequenas e ele crescendo mais e mais. Então eu parei de guardar e comecei a mandar pra sua casa o que comprava pra ele.
- Foi quando ele começou a frequentar mais a sua casa.
- A nossa casa. Sim, foi aí que eu comecei a me aproximar mais. Mas os seus eu continuei guardando...sabia que você não iria aceitar.
- Meu Deus Grey! Sabia que você não era insensível ao seu filho, mas nunca imaginei isso.
- Bom...não serve mais nele. Nós podemos doar essas coisas e, eu ficaria muito feliz se você aceitasse os seus presentes. Bom...você vai ter que selecionar. Umas coisas devem estar fora de moda já.
- NÃO! Eu quero tudo. Quero todos os presentes do meu namorado.

Christian a levou de volta para o quarto, ajudou-a a usar o banheiro e escovar os dentes antes de ir para cama. A enfermeira apareceu na porta um pouco constrangida. Grey não a deixava trabalhar.

- Senhor Grey...eu poderia tê-la ajudado.
- Não foi necessário. Pode ir descansar. Eu ficarei com minha esposa.

Ana achava que a mulher não teria muito o que fazer ali.

- Você pode dormir sozinha um pouquinho? Eu vou ficar com o Teddy um pouco. Acho que ele está com um pouco de ciúme.
- Claro. Fica com ele um pouco. – Respondeu ela aceitando um leve beijo nos lábios.
- Eu volto logo.





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