domingo, 6 de janeiro de 2013

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 11: Inevitáveis comparações



           
            Christian saiu relaxado do apartamento de Ana. Irritado com sua teimosia, mas, conhecendo sua mulher há uns seis anos, estava cansado de saber que tudo com ela levava tempo.

            - Ela vai ceder, claro que vai. – Disse dirigindo nas ruas ainda tranquilas.

            Sabia que tinha muitas vantagens. Nunca deixaram de sentir desejo pelo outro, a cada encontro saíam faíscas. Cada vez era ainda melhor. Além disso, Ana ama o garoto e é natural que prefira ter o pai biológico por perto.

            - E Teddy gosta de mim. – Pensava já imaginando quanto tempo levaria para convencer Ana a voltar a ser sua esposa. Podia até demorar, mas ela viria...com Teddy, aí estava o problema. – Mas a casa é grande e o menino tão tranquilo. Não pode ser tão ruim.

            Entrou sorrindo em casa e subiu rumo ao segundo pavimento pulando de dois em dois degraus.

            - Senhor Grey! Já estava acordado? – Gail se surpreendeu.
            - Sim. E muito bem disposto! – Ele respondeu indo usar o computador. Já tinha um plano arquitetado.

            Anastásia precisava ser reconquistada. Iria cortejá-la novamente.

De: Christian Grey
Para: Anastásia Stell
Hora: 8h57min
Assunto: lembranças deliciosas

Ex e futura Sra. Grey

Tive com você uma noite maravilhosa. Mais uma. E não pense que será a última ou que vou esperar pelo próximo aniversário infantil para te agarrar novamente. Quero você novamente em minha vida Ana. Você é minha!
Então facilite as coisas e mande aquele meio homem para fora de sua vida. Ele pode até ser bom para crianças, mas hoje você deixou bemmm claro que com ele, você não é uma mulher satisfeita.
É domingo, você não trabalha. Venha pra cá...pode trazer Teddy. Vou encontrar algo que o distraia. Garanto uma tarde bem agradável...MINHA fogosa Ana.


A resposta não demorou a chegar.

De: Anastásia Stell
Para: Christian Grey
Hora: 9h32min
Assunto: lembranças deletadas

Faça uma limpeza nos seus arquivos, senhor Grey.
O que se passou foi um erro, dos grandes.
Por favor, esqueça. Eu não devia ter feito o que fiz.
Eu e Theodore já temos compromisso...com meu namorado. E ele não é MEIO homem coisa nenhuma!
Teddy e ele se dão muito bem.

Ele já esperava por algo assim. Não era de desistir fácil.


De: Christian Grey
Para: Anastásia Stell
Hora: 9h39min
Assunto: lembranças salvas em arquivo seguro

Com sempre, dona de respostas rápidas e espirituosas senhora GREY.

Eu faço backup de tudo que é muito importante para mim. Certas coisas eu não aceito perder.
Aceite que é a mim que você quer, não o namorado que te deixa insatisfeita. Duvido que ele faça amor com você a madrugada toda e te faça gritar em todas as vezes.
Aaaa e é grande sim, mas não é um erro!

De: Anastásia Stell
Para: Christian Grey
Hora: 9h50min
Assunto: vá pro inferno!

Sexo não é tudo!
Agora me deixe seguir com a minha vida.

De: Christian Grey
Para: Anastásia Stell
Hora: 9h56min
Assunto: vou te levar pro céu...

...todas as noites, manhãs e tardes que você desejar.
Cuidado! Sexo não é tudo, é papo de mulher insatisfeita. E hoje você teve todo o prazer que merece.
Sua vida é comigo Ana.
Me dá mais uma chance?


            - Desgraçado! Desgraçado! Desgraçado! Desgraçado! E gostoso. – Ana repetia olhando para a tela do computador.

            O que fazer se, por mais que desejasse negar, ele estava certo. Por mais raiva que tivesse. Por mais mágoa. Por mais ódio. Nada nunca conseguiu ser maior que o amor. Ainda amava Christian exatamente como no dia em que se casou. E depois dessa noite, como seguir longe dele sem lembrar do cheiro, do toque, do paladar?
            Raff...havia traído Raff. Ele não merecia isso. Como pode passar a noite dando para um homem sabendo que outro viria buscá-la para passarem o domingo juntos? Um piquenique no campo onde os meninos poderiam brincar. Mas como encarar Raff agora?
            Talvez seu erro tenha sido tentar seguir vivendo ali, trabalhando na empresa dele. Era próximo demais. Mas no fundo não quis privar Teddy da chance de, aos poucos, conquistar o coração do pai. E isso vinha acontecendo. No início Grey não queria nem ver Theodore, depois, com a ajuda de Grace e Mia eles começaram a conviver nos finais de semana. Hoje podia apostar que Grey sentia a falta do filho. Mas ele não participava, não se responsabilizava...era como se estivessem firmado um vínculo de amizade. Isso era bom. Só que Theodore não precisa de amigo e sim de pai.
            Agora ele pedia por mais uma chance. O que iria fazer? Depois de tantos anos sozinha, havia encontrado em Raff a chance de formar uma família. Ter alguém com quem dividir as angústias e comemorar as alegrias. Logo depois que o divórcio saiu oficialmente José tentou uma aproximação. Ela disse não afinal, além de não amá-lo e estar em um momento muito tumultuado, tinha que pensar em seu bebê. Ficar com um homem estando grávida de outro seria impossível. José seguiu ao seu lado como um bom amigo. Agora tinha uma namorada firme e estava preparando uma nova exposição fotográfica.

            - Quero a minha modelo favorita! – Tinha dito ele.
            - Nem pensar. – Havia respondido.
            - Vai Ana, por favor. Deixa eu fotografar você e o Teddy. – Ele continuava insistente.
            - Vou pensar.

            No final ela havia concordado e teria de ir à exposição que teria imagens dela e do filho. Era sempre bom nutrir aquela amizade.

A campainha lhe fez deixar os pensamentos de lado. Deveriam ser  Raff e Gabby para o passeio, mas estavam adiantados. Nem estava pronta. Mas ao abrir viu que era apenas um entregador carregando um imenso buquê de flores brancas. Christian! No cartão uma mensagem sugestiva. “A paz pode ser muito mais prazerosa que a guerra. Te peço apenas mais  uma oportunidade”.
- Como se fosse fácil!

Guardou o cartão em local seguro. Afinal agora tinha um filho alfabetizado! Se ele lê aquilo....é confusão na certa. Foi correndo se preparar para sair. Quando chegaram, Gabby  entrou correndo para brincar com Teddy. Com um discreto beijo Raff entrou no apartamento e  ficaram na sala. O clima estava estranho. Porque ele não lhe dava um beijo apaixonado que a fizesse esquecer tudo o que fez na noite passada?

- Você sumiu da festa ontem. Nem se despediu de mim. – Ana disse para puxar algum assunto.
- É. O Gabby já tava cansado e você tão ocupada que achei melhor assim. Além disso, seu ex não gostou muito de nos ter por lá. – Ele respondeu.

Ana não sabia o que responder. Já estava mentindo para ele.

- É, mas não o culpo. É uma situação estranha.
- Claro. – De repente ele viu as flores. – Lindas. Quem enviou?
- Um amigo...pelo aniversário. – Disse uma desculpa qualquer.
- Alguém manda flores para uma criança de quatro anos? – Era obvio que ele não tinha acreditado.

Droga! Mas o que poderia falar? Que seu ex mandou flores? Contar tudo? Não! O jeito era mentir! Foi salva pelas crianças que entraram correndo. Mas logo o clima pesou.

- Mamãe eu vou levar a bola que o papai me deu. – Teddy falou.
- Que legal Teddy. Seu pai te deu uma bola de aniversário? – Raff perguntou e a resposta de Teddy foi justamente a que Ana mais temia.
- Sim. Ele veio ontem, me deu a bola e contou uma história antes de eu dormir. – Disse o menino empolgado.

O olhar de Raff deixou claro que ele já tinha juntado as peças. Grey havia entrado na disputa definitivamente. Inferno! Para piorar Teddy foi todo o caminho tagarelando de como seu pai era legal, gostava dele, da história que lhe contou, que vão jogar futebol juntos e etc.
Já no lindo parque onde iam fazer o piquenique, as crianças foram brincar enquanto Raff descarregava o carro e Ana estendia a toalha e comidas no chão de grama. Depois ficaram ali, deitados, olhando-se. Raff pegou em sua mão.

- Ana, seja sincera, o que está acontecendo?
- Nada.
- Grey mandou as flores? – Raff insistiu.
- Sim.
- E por que você mentiu pra mim? Não sou um menino, Ana, não gosto de ser enganado. Nossa relação tem de ser franca.
- Eu sei Raff. – Como explicar. – É que é complicado. Você é viúvo, não tem de conviver com a mãe de Gabby. Desculllpe, eu não quis dizer que sua situação é mais simples, nem que gostaria de ser viúva...é só que...não é fácil.
- Eu entendo. Mas você tinha me dito que o Grey não participava da vida do filho e que vocês nunca se viam. Agora ele visita sua casa e organiza festas para o menino?!
- É. Ele agora parece estar querendo participar mais.
- Então terá de dar um freio no seu ex. O comentário é que se trata de um homem estranho, solitário. Não pensa em ninguém e por isso acumula tanto dinheiro. Tenho a impressão que ele era até bruto, talvez violento, com você. Eu entendo que você tenha sido infeliz com ele e resolveu viver sozinha. Mas agora tem a mim. Eu vou te tratar com toda a delicadeza que você merece Ana. Não pode deixa-lo entrar na sua vida novamente.

Nada disso era verdade. Christian não é esse monstro que seu namorado descrevia. Afastar pai e filho? Como se seu objetivo sempre foi que Teddy convivesse com o pai? Não podia concordar com o que estava ouvindo.

- Não Raff! Christian é um homem bom. Ele não se mostra para as pessoas, mas se preocupa com os outros. Por isso é engajado a projetos sociais. Acumula dinheiro porque é muito inteligente nos negócios e trabalha 24 horas por dia. E eu não era infeliz com ele. Separamos-nos por que ele não queria ser pai.
- E que tipo de homem não quer uma criança maravilhosa como Teddy? – Raff fez a pergunta mais dolorosa que Ana poderia ouvir.
- Sim. Esse é o problema que nos mantém afastados.

Somente quando Raff afastou-se e soltou sua mão foi que percebeu que havia falado demais.

- Então ainda o ama e só não estão juntos por causa de Teddy?! É por isso que ele resolveu se aproximar do filho Ana! E você será uma cega se não perceber que não é do menino que ele gosta. Só está conquistando Teddy para você voltar com ele. – Raff aconselhou.

Seria verdade isso? Sempre soube que Christian era um homem possessivo. A ideia de ver a ex esposa se relacionando com outro homem em uma relação séria deve tê-lo incomodado. Mas a ponto de fazê-lo fingir um envolvimento com Theodore para fazê-la largar o namorado e voltar a viver com ele? Será. Era assunto para pensar com calma.
Certo é que não podia acabar seu relacionamento com um homem bom como Raff sem lhe dar uma oportunidade. Dessa vez não iria ouvir sua Deusa Interior, mas sim a voz da razão. Precisava dar uma chance para Raff. Ele sim estava ao seu lado e merecia a oportunidade de lhe fazer feliz.

- Me beija? – Pediu.

Ele atendeu seu pedido sorrindo. O toque dos lábios foi doce, as mãos em sua cintura delicadas. Precisava parar de compará-los. Eram homens diferentes. Grey tinha um apelo sensual e sexual muito maior. Era aquele homem que exalava masculinidade, que todas na rua olhavam. Era um dominador. Raff não. Era um homem de família, pai, responsável. Lhe oferecia amor e carinho. Mas na cama era frio. E nem sonhava em fazer nada fora da cama. Com ele sua vida familiar seria perfeita, mas a sexual enfadonha. Ele não gostava de coisas diferentes, posições novas ou brinquedinhos. Que será que vai achar se eu pedir para ele colocar em mim uma daquelas bolas tailandesas? A ideia lhe fez sorrir.

- Por que está rindo? – Ele perguntou.
- Nada...me beija mais. Quero saber se você me quer Raff, se me deseja.
- Claro que quero. É uma mulher linda, mãe fantástica, competente no trabalho. Você é perfeita. Que homem não gostaria de ter você? – Ele respondeu da pior maneira possível.
- Eu quis dizer na cama Raff. Quero saber se você me deseja. – Ela baixou o tom de voz e sussurrou no ouvido dele. – Você me acha gostosa? Quer trepar comigo toda hora?

Ele a afastou.

            - Eu acho você linda e te desejo sim. Mas, por favor, cuidado com o vocabulário. Parece uma qualquer falando assim. – Ele se levantou. – Não quero a mulher que eu amo falando dessa forma. Eu vou jogar futebol com os meninos.

            -Melhor eu comprar um vibrador. – Ana cogitava pensando sozinha.

            Estava dividida entre um homem que dizia lhe amar e querer uma família, mas com quem não tinha nenhum envolvimento sexual e outro que ela amava desesperadamente, que a desejava, mas que afirmava não servir para formar família. A dúvida era cruel.

            Já o domingo de Christian também não foi nada agradável. Só de pensar em Ana e o meio homem juntos ele se desesperava. Será mesmo que eles estavam transando?

            - Claro! Claro que estão. Qual homem não levaria Ana pra cama? – Desesperava-se.

            Depois de muito pensar, resolveu que teria de entrar em ação. Sua Ana tinha de ver como eles combinavam, como ele era o homem certo pra ela  e não o autorzinho. Ligou para sua assistente. Era domingo, mas ela estava sempre disponível. Era exigência do cargo e era remunerada para isso.

            - Eu tenho algum evento para comparecer que seja vinculado com a editora? – Perguntou.

            Ficou sabendo que haveria uma festa de lançamento de três grandes livros em duas semanas. Também aproveitariam a ocasião para apresentar os resultados da empresa. Ele havia recebido o convite, mas, como normalmente ele não participa desse tipo de evento, a secretária sequer o havia informado.

            - Ok. Mas tudo o que se referir a editora interessa. Confirme minha presença. E avise que quero a presença de todos os editores na festa. Assim poderei conversar com todos e ver os resultados de cada um.
            - Sim, senhor Grey.

            Anastásia até podia fugir do ex marido, mas não do patrão. Faria de tudo para terminarem aquela noite em outra recaída. 

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