quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 8: Hormônios em ebulição


A 15 dias da festa de aniversário de Theodore, Anastásia e Christian tinham uma relação amistosa. A mais próxima que tiveram nos últimos cinco anos. Era nisso que Christian pensava ao olhar para a foto de mãe e filho que tinha na gaveta de sua mesa, trancada a chave.
Grace tinha ‘esquecido’ a foto na sua casa e ele jamais devolveu. Ela ficava ali na gaveta destinada a transformar os piores momentos em suportáveis. Como teria sido? Como os últimos cinco anos teriam sido se ele e Anastásia ainda fossem um casal e Theodore morasse ali, naquela casa? A casa construída para ela, para satisfazer todos os desejos de Ana...menos o que ela desejava: que ele fosse o pai de família modelo.
            Agora ela quer fotos dele com Teddy no aniversário e brincadeiras, muitas brincadeiras entre pai e filho. Ele faria isso...Ana merecia isso, era uma mãe exemplar, além de ser a única mulher na face da terra que não se aproveitaria de ter um ex bilionário. Mas por ele também.

            - Garotinho fantástico você é Theodore. – Falou ainda olhando para a foto. Até que ergueu os olhos e encontrou Taylor encostado à porta. Tratou de guardar a fotografia. – Fale Taylor.
            - A empregada do Escala telefonou. A senhorita Jéssica chegou há 30 minutos e o aguarda. O senhor marcou algo? Digo que não poderá estar com ela?

            Jéssica era sua submissa há menos de 3 meses e já estava se transformando em algo insuportavelmente chato. Como pode uma tarde com criança lhe parecer mais agradável que uma mulher disposta a ser disciplinada? Talvez fosse o excesso de disposição o estivesse desagradando. Era muito ‘sim senhor’, ‘sim mestre’, ‘eu mereço a surra senhor’ e ‘obrigada por me castigar’. Jéssica não lhe negava nada. Aceitava cada uma das sessões, cada um dos castigos sem reclamar. Apanhava suportando a dor até o limite apenas com gemidos suaves. Sequer estipulou limites. Podia fazer tudo o que desejasse. E fez muita coisa. Só evitou o que não gostava de praticar como brincadeiras com facas e queimaduras graves. Jéssica era a submissa perfeita.
            Tão perfeita que o estava irritando...como todas as últimas nesses cinco anos. Todas seguiam o mesmo padrão. Belas, morenas curvas suaves, olhar adocicado, mas nenhuma era Anastásia. Nos últimos cinco anos os pesadelos retornaram e ele voltou a dormir sozinho todas as noites. Nos finais de semana ia para o Escala com sua submissa, as castigava, fazia seu papel de dominador, a comia com força e sem nenhum sentimento e, mandando-a para o quarto branco, ia dormir sozinho. E sofrer com as lembranças da infância na solidão de seu quarto.
Agora ao menos, não tinha só sonhos ruins. 



Também sonhava com Ana. Lembranças de bons momentos juntos e, principalmente, do sorriso de menina que ela lhe dava, encabulada, a cada manhã. Como pode ela não perceber o quão linda é, o quão perfeita, o quão amada.
- Eu quero você de volta Ana! – Christian disse em voz baixa.
- Senhor? Eu não ouvi. Que digo quanto a senhora Jéssica? – Taylor insistiu.
- Nada. Eu vou mandar um SMS pra ela.
- Ok. Boa noite senhor.
- aaaa Taylor? Você sabe se Teddy vai ficar em casa com a Ana hoje ou vai sair com mamãe ou Kate?
- Na verdade sei sim Senhor. Falei com a Senhora Grey hoje. – Christian fazia questão que seus empregados ainda a chamassem assim, mesmo já não sendo esse o estado civil de Ana. – Ele passará a noite na casa da Senhora Kate. Ele e Ava irão se divertir bastante e...bomm... a Senhora Anastásia irá sair.
- Sair? Com quem?
- Com o namorado, Sr.

O mundo rodou. Então Ana havia encontrado alguém. É claro, é uma mulher maravilhosa. Chama a atenção de qualquer homem. Finalmente um ganhou sua confiança.

- Você é um filho da puta Grey. Tem uma vida de merda! E conseguiu perder a única coisa que prestou em sua vida!

Para descarregar, resolveu responder para Jéssica.

‘Encontro você em 30 minutos. Esteja nua, em posição, no quarto de jogos. Comprei uma vara nova e usá-la. Se prepare! Essa noite será inesquecível!’

Enquanto isso Anastásia tentava se acostumas com a sensação de ter um homem em sua vida e iniciar um relacionamento íntimo. Raff a queria, a desejava como mulher e isso, após cinco anos sendo apenas mãe, lhe assustava, mas também era bom. Era bom saber que um homem a desejava mesmo tendo um filho.

- Ao contrário do Grey. – Disse.
- Amor? Falou algo? – Raff a chamou. Ele estava deitado na sua cama e ala se arrumava para a noite no banheiro.
- Não Raff. Eu já vou, querido. – A palavra amor se negava a sair de sua garganta.

Usando um conjunto de calcinha e sutiã rendado, porém simples, Ana saiu do banheiro e deitou-se ao lado de Raff. A noite não seria fácil.

- Você é tão linda...parece um anjo. – Mas ela não se sentia um anjo. Estranhamente, sentia-se cometendo um pecado. Estava nervosa como se você uma esposa infiel prestes a ser pega na cama com um amante. – Shiiii não fique nervosa. Você é livre.
- Está lendo meus pensamentos agora Raff?
- Não. Mas você está com cara de mulher culpada. E não tem razão pra isso. – Ele a beijou. – Vem aqui vem...vai ser bom, vai ser gostoso.

Mas não foi. Ana tentou entregar-se, fez questão de não pensar em seu ex-marido, mas ele estava ali ocupando espaço no colchão com seus ombros imensos...tão mais largos que os de Raff.

- Relaxa Ana. Assim não dá... – E ele continuava atencioso. Raff era só carinho, só atenção, carícias leves e beijos calmos...Raff era bemmm baunilha.
- Aqui Raff, aperta aqui, assim, pega com força. – Ela tentava ensiná-lo como pegá-la, apalpá-la até ficar a marca. – Me morde?
- O que Ana?
- Você ouviu. Morde, chupa...eu gosto com força!

Mas nada. No fundo Ana sabia que ela estava tentando encontrar Grey no toque de Raff. E isso, além de impossível, era injusto com um homem tão bom quanto Raff. A noite terminou com Ana frustrada após fingir um orgasmo e Raff desconfiado.

- Você me surpreendeu Ana.
- Porque?
- Nunca imaginei que você gostasse de sexo violento.
- Nem eu Raff, nem eu. – Só agora ela compreendia que não tinha do que se envergonhar. – Algum problema com isso?
- Sei lá...é a primeira mulher que pede pra apanhar na minha cama.
- Apanhar? Pedi isso? – Tentou disfarçar.
- Pediu pra eu bater na sua bunda. Palmadas, mordidas e chupões...pra mim é violência, Ana. Não trato mulher assim. Se é isso que você espera então...
- Não Raff...olha eu não sei porque eu agi assim. – Mas sabia, é claro que sabia. – Acho melhor você ir embora. Amanhã nós conversamos.
- Eu vou viajar Ana...a trabalho. Vou passar duas semanas em Sidney.
- Quando vai?
- Amanhã a noite.

E nem pra avisar antes.

- Ok. Você vai estar aqui pra festinha do Teddy.
- Claro. Eu e Gabby não perderíamos por nada. E na casa do seu ex, não é?
- Sim, é.

Com um beijo quase casto se comparados com os de Christian, Raff foi embora.
            - PARE! Pare de comparar eles Anastásia!

            ‘O Grey sempre vai ganhar de goleada’, falou sua Deusa Interior. Ela estava magoadíssima porque não teve seu orgasmo. Não havia dúvidas de que ela pertencia a torcida de Christian Grey.

            - Como se ele ainda me desejasse! – Disse Ana antes de ir tomar um banho frio.


            Correrias e problemas a parte, chegou o grande dia e Teddy desfilava seu grande sorriso pela mansão do pai. Seus amiguinhos de escola corriam alegres pela campina cuidados e entretidos por recreacionistas contratados. O tema era “São Heróis” e muitas crianças vieram fantasiadas. Batman. Super-homem, mulher aranha, super poderosas, homem elástico e muitos outros exibiam seus poderes de fantasia. Theodore não parava de sorrir.
            Já Grey estava nervoso e cada vez mais irritado com a atenção que Ana dava ao tal Raff. Quem esse escritorzinho pensa que é?

            - É o meu filho que está de aniversário! – Falou em voz alta enquanto bebia um suco adocicado demais para o seu gosto.
            - Se acalme filho. Você fez a cama, agora deite nela. E não estrague a felicidade de Teddy. Olhe como está feliz. – Grace falou.
            - Sim, está. Ele é fantástico.

            O que Christian não sabia é que o relacionamento de Ana e Raff mal havia começado e já estava estremecido. Ana achava que ele sequer viria a festa. Não que eles brigassem, não, talvez o problema fosse esse. Nas duas semanas dele do exterior, mal se falaram e agora estavam ali como se estivesse tudo bem. Raff falava como se não fizesse diferença ficar 15 dias longe. Um sequer sentiu a falta do outro.
            Mas Grey não sabia disso e aquela mão na cintura de Ana o estava deixando furioso. Quando o cara beijou-a, foi a gota d’água.

            - Acho que está na hora da foto da família feliz, Ana. – Ela encarou Christian com raiva, mas logo se afastou do namorado. – Vamos? Terá de largar do seu acompanhante...já que ele não faz parte da família.
            - Eu não tentaria roubar seu lugar, Grey, não se preocupe. - Raff respondeu.
            - Ó...não seria capaz mesmo.
            - Eu ainda tirarei com Ana muitas fotos nos aniversários das crianças. – Raff respondeu a Grey e Ana já estava irritada com isso.
            - Na festa do SEU filho, suponho. – Mais uma indireta de Christian.
            - Sim, nas do meu filho, nas do de Ana e...nas festas dos filhos que tivermos.

            Essa frase fez os olhos de Christian ficarem mais escuros.
 Só a ideia de Anastásia gerando o filho, a semente  de outro homem o enojava. Nunca! Nunca deixaria isso acontecer. Esse escritor de merda não sabia com quem estava se metendo.
            - Já estão planejando filhos? – A pergunta era pra Ana, mas ela permaneceu calada. O imbecil é que respondeu.
            - É claro. A Ana é uma mãe fantástica. Chega a ser pecado ela ter apenas um bebê. Quem sabe uma menina, não é querida? – Disse o louro de olhos  azuis.
            - Ta...talvez.- Anastásia gaguejou.

            Ana soltou da mão do namorado e foi buscar o filho para cantar o parabéns. Christian encontrou-a no corredor entre a sala e a cozinha da mansão. Levou-a para a dispensa. Era um ótimo lugar para ‘conversarem’. Dalí viam a entrada da festa, mas ninguém conseguiria vê-los.

            - Pare! Tenho de encontrar Theodore. O que você quer Christian? – Ana reclamou quando viu-se à sós com o marido.
            - NUNCA! Ouviu bem? NUNCA você vai ter filhos com outro homem.

            Ele beijou-a com tal desespero, uma ânsia que parecia mais forte que qualquer força da natureza. Era como uma tempestade que toma conta de tudo e com seu vento leva todo o resto junto ao ir embora.

            - O seu corpo não abrigará filho de outro! – Ele apertava seus braços. Muitas mulheres reclamariam, diriam que estava machucando, mas era disso que Ana sentia falta.

Ela sentia falta de Christian...do seu 50 tons...exatamente como  ele era.

            - Está ouvindo Ana? NUNCA!

Isso tirou-a dos devaneios.

            - Quer dizer que está disposto a me dar mais filhos? É isso Grey? – Era só para provocá-lo. Ana não queria mais filhos. Uma gravidez solitária e abandonada era o suficiente.
            - Eu não disse isso! – Disse ele com pavor no olhar.
            - Foi o que imaginei. – Não desejava voltar a essa triste e velha discussão. – Não se meta na minha vida Grey. Não é da sua conta.

            Não olhou para a entrada e viu algo que a desagradou. MUITO.
             - Eu não acredito que você a convidou.
            - Quem? – Ele então olhou. – Elena é amiga da família Ana.

            Anastásia encarou-o por um momento.

            - Mantenha a amiga da família bem longe do meu filho. 

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