sábado, 15 de dezembro de 2012

Por Um Filho - Cap 22: Acorde Bella!





            Eu estava em uma rotina cansativa: casa, hospital e Amanda, Bella. Por mais ajuda que tivesse e mais gostoso que fosse cuidar pessoalmente de minha filha, não era fácil dar atenção às duas. Há três dias em casa e com cinco de vida, Amanda era a criança mais especial e fantástica e eu resolvi que, se tinha alguém capaz de fazer Bella acordar seria a filha.
            Então contrariei todas as opiniões contrárias e vesti Amanda com macacãozinho amarelo e fui ao hospital. Como Bella tinha o quadro estável, havia sido retirada da UTI e agora ocupava um confortável apartamento, ao qual eu tinha acesso livre. Então eu entrei sem ninguém reclamar e me instalei confortavelmente na poltrona ao lado da cama com Amanda dormindo confortavelmente. Ela estava adorando, principalmente porque ali não tinha berço ou carrinho então ela passou o dia sendo embalada no meu colo. Quero ver ela perder essa balda depois...
            Mas o importante foi que em alguns momentos eu a colocava sobre o peito de Bella e ela a reconhecia. Instantaneamente ela se acalmava e às vezes procurava pelo peito. Bella estava com o peito coberto e mesmo que não estivesse, eu não teria deixado Amanda mamar. Primeiro porque o leite de Bella já deveria estar secando e seria doloroso para ela e segundo por, com todos os antibióticos que deram para minha mulher não pegar nenhuma infecção, não era seguro Amanda mamar nela. Mas eu vim preparado de mamadeira e fraldas então Bella poderia ganhar ‘carinho’ da filha sem se preocupar.

            - Conversa com ela filha. Diz pra mamãe que você e o papai precisam dela, que na nossa casa está tudo pronto esperando ela acordar, que a titia Alice faz de você uma bonequinha a cada dia mais linda. Vamos Bella, acorde!

            O médico veio conversar comigo e disse que eu não deveria me preocupar, que Bella estava bem, sua mente estava em repouso enquanto o corpo se recuperava. Em breve, ela deveria acordar. Mas o que era breve para os médicos era a eternidade para minha família e meus amigos. Todos vinham visitar, alguns faziam vigília na recepção, mas ninguém foi mais atencioso que Jacob. Hoje, após estar tão próximo de perder Bella, eu já não tinha tamanho ciúme da amizade deles. Afinal, se Bella desejasse, poderia ter ficado com ele durante toda minha ausência, mas ela ficou comigo
           
            - Como ela está? Alguma novidade?
            - Olá Jacob. Não, nada de novo.
            - Vejo que trouxe Amanda para visitar a mãe.
            - Sim, achei que pudesse ajudar, mas pelo visto não.
            - Tenho certeza que ajudou. Bella sonhou com essa menina tanto. Ela não permitirá que Amanda cresça sem ela por perto.

            Era tudo o que eu queria. Ficamos os três por algumas horas fazendo companhia à minha Bella, mas após Jack ir embora pensei que já era hora de levar Amanda para casa. Ela era muito pequena ainda e já tinha passado horas demais em um ambiente estranho. Agasalhei ela melhor e fui me despedir de Bella. Peguei em sua mão e fiz um último apelo.

             - Acorde Bella! Por favor, eu e Amanda sentimos sua falta.

            Tive a sensação que seus dedos apertaram minha mão, mas era provável que fosse apenas minha vontade se manifestando. Soltei sua mão, beijei sua testa e caminhei em direção a porta. Até que ouvi a voz mais doce do universo.

            - E..dwaaarddd. – Era praticamente um sussurro grogue, mas estava lá. Minha Bella estava acordada.

            -Eu não sabia o que fazer. Queria ir até ela e beijá-la, abraçá-la e levá-la para casa o mais rápido possível. Queria também chamar o médico, mas não sairia dali por nenhum motivo. Então apenas apertei o botão chamando a enfermeira e chorei junto com ela. O bebê ali presente era o único que não deixava lágrimas correrem. Amanda estava dormindo e, pelo doce sorriso, sonhando algo muito bom.

            A enfermeira logo veio e chamou o médico. Eu, muito contrariado, fui convidado a deixar o quarto para eles realizarem exames nela. Enquanto isso, liguei para minha família e para os amigos de Bella e avisei. Também pedi que Alice trouxesse o carrinho de Amanda para ela poder dormir com maior conforto. Minha filha não ia para casa antes de Bella poder vê-la.
            Antes de poder vê-la, no entanto, o médico que cuidou dela em todo o pós parto quis conversar comigo.

            - Imagino que esteja feliz e animado, Sr. Cullen?
            - Sim. E posso continuar assim, certo?
            - Pode. Está tudo como imaginamos. Sua esposa recuperou a consciência e agora vai gradativamente se recuperar.
            - Quando ela vai para casa?
            - Fizemos alguns testes de reação e lateralidade e ela está bem. Os exames clínicos saem amanhã e conforme o resultado, ela é liberada em dois dias. Mas quero alertá-lo que nestes casos é comum certa confusão. Isabella dormiu por alguns dias e neles coisas importantes aconteceram. Ela imaginava ver bebê recém nascido e só agora conhecerá sua filha. Tenha paciência caso ela não demonstre a alegria que vocês esperam.
            - Acha que ela pode renegar nossa filha?
            - Eu não acho nada. Só digo que quem acorda após o estado de coma pode estar confuso. Ela perdeu os primeiros dias da filha e sentirá falta disso.

            Aquela indicação médica podia servir para qualquer mulher, menos para a minha. Esse médico podia saber muito sobre coma, mas não tinha visto o desespero de Bella pela filha. Ela jamais negaria amor para nossa bailaria. Cheio das recomendações médicas eu entrei no quarto e fui lentamente até a cama. Bela sorriu, era um sorriso triste, mas dizia claramente que ela estava feliz em me ver. Não, em nos ver, porque Amanda seguia no meu colo e foi diretamente para ela que olhos de Bella seguiram. Ela simplesmente abriu os braços fazendo um ninho  para a tão esperada hora em que teria sua filha. E Amanda se aconchegou serenamente, era como se de forma instantânea eu fosse renegado a segundo plano. Elas se compreendiam plenamente.

            - Como você é linda Amanda. A mamãe nunca mais vai te deixar.
            - Ela sabe, eu expliquei para ela que a mamãe estava dodói, mas que logo ela estaria no seu colo.
            - Obrigado.
            - Pelo que?
            - Por ter ficado com ela mesmo...
            - Mesmo amando ambas desesperadamente e sofrendo por não poder estar com as duas o tempo todo?
            - Você está gostando de ficar com ela?
            - Eu amo minha filha. Eu é que tenho de te agradecer por ser teimosa o bastante para me fazer ver o quão maravilhosa ela é.
            - E vocês se dão bem? – Ela sorria lindamente.
            - Sim, ela fica bem no meu colo, aceita mamadeira e aperta meu dedo para dormir. Acho que isso deve representar que eu acertei alguma coisa.
            - É, eu acho que sim.

            Depois disso ela não quis mais largar Amanda. A tristeza que o médico falou veio, mas contra nossa situação e não contra nossa bailarina. Ela chorou ao saber que não poderia dar o peito para Amanda mamar, ficou brava com a enfermeira por ela não lhe permitir levantar para trocar a fralda da filha e a expulsou do quarto quando insinuou que era hora da menina ir para casa e da mãe dormir.

            - Fique sabendo que já dormi demais! E não volte aqui se for para falar besteiras.
            - Amor, eu acho que ela só queria ajudar.
            - Vai concordar com ela?
            - Não. – Tratei de responder. Afinal, brigar estava fora de questão.

            Quando Alice chegou, tinha muito mais do que apenas o carrinho de bebê. Ela trouxe seus cosméticos para preparar Bella para receber visitas e as lembrancinhas. Era estranho porque todos já conheciam Amanda, mas nós não entregamos as lembrancinhas. Sempre achamos que Bella deveria fazer isso.


Bella estava muito cansada e percebemos que Amanda estava muito enjoadinha por ficar no meio de tantas pessoas estranhas. Por fim, Bella concordou que o melhor era eu ir para casa e ela dormir um pouco. Fui triste por deixá-la, mas confiante no futuro.



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