sábado, 10 de novembro de 2012

Por Um Filho - Capítulo 17: Lembranças da Infância





Pov Bella

            Não acreditava que Edward foi capaz de iniciar o incêndio e deixar para apagar o fogo depois. Será que não via a combustão que meu corpo teria? Mas talvez seja melhor assim. Onde eu estava com a cabeça para deixá-lo tirar minha calcinha? Nós não temos mais nada a não ser uma filha que ele sequer queria. Pelo barulho, ele agora estava descarregando sua testosterona no restante da montagem do quarto da bebê. E eu? O que restou foi um banho frio e depois voltar para cama e dormir. Para piorar a frustração deixou meus músculos doloridos novamente.

Algumas horas depois...

            Acordei com a casa em total silêncio e fui procurar por Edward pela casa, mas não encontrei. No quarto cor de rosa tudo estava montado, lindo e arrumado. Ele havia deixado os móveis exatamente como eu queria, tudo perfeito, só faltava ele ali. Sobre a cômoda estavam todas as roupinhas e também havia um bilhete:

“Desculpe. Sei que fui longe demais, mas não pude. Por mais que eu tente, ainda é difícil imaginar que você não é mais só minha, que agora tenho de repartir sua atenção com nossa filha. E ela resolveu se manifestar em um momento totalmente nosso. Enfim, acho melhor manter certa distância do corpo da mamãe dela, talvez ela se lembre das minhas imbecilidades de meses atrás e não me queira por perto. Não sei! Mas não fique brava comigo. Será recompensada. Amanhã vamos a Forks fazer o piquenique que combinamos.”

Edward


            Edward Cullen você não escapa! Ficar longe? Vamos ver... Bom ao menos iríamos a Forks, cidade onde cresci e tenho ótimas lembranças, amigos de infância, meus pais e meu irmão. Mas não vou à casa deles amanhã, não tendo Edward junto. Meu pai sabia ser grosseiro e Edward estava passando por uma fase difícil, era arriscado colocar ambos na mesma sala. E minha mãe, como estaria?
            O fim daquela tarde e início da noite foram dedicados a guardar as roupinhas de minha filha. Tudo tão lindo e já com cheirinho de bebê. Agora era preparar a mala para a hora do parto, ficar preparada para o momento, para a dor e para a felicidade. No fim da semana teria uma nova consulta com a obstetra. Martha iria repetir as mesmas recomendações e dizer para ela se manter calma para que sua pressão não atrapalhasse o parto. Como se fosse fácil! Mas ao menos sabia que sua bebê tinha um belo futuro garantido. Esme, Alice e também, tinha fé, Edward, iriam mantê-la feliz e bem cuidada independente do que acontecer. É claro que ela tinha certeza de que estaria bem para poder educar sua filha, mas agora que seu marido começava a demonstrar carinho pela pequena, sua paz era maior.

Pov Edward

            Como conseguia ser tão idiota? Mas não pode simplesmente ignorar o chute que recebeu. As diferenças no corpo de Bella podiam até tê-la deixado mais gostosa e feito ele desejá-la, mas quando o chute veio, ficou muito claro que não eram apenas os dois naquela cama. Como podia transar com ela quando o bebê não parava quieto?! Então saiu do quarto deixando ela triste e provavelmente pegando fogo. Em outras épocas era Bella quem o incendiava em pleno horário de almoço e depois o mandava ir trabalhar. Era uma brincadeira nossa.
            Eu sabia que não devia ter feito nada, mas acabei desabafando quando Alice ligou e contando o ocorrido na cama de Bella. Infeliz ideia.

            - Não acredito! Você negou fogo?!
            - Para Alice, não é isso. Eu parei para não machucar minha mulher. Hora, ela está imensa, não seria confortável. E a bebê também não estava gostando nada, começou a chutar como nunca tinha feito.
            - Sim, a Bella se agitou e sua filha também.
            - Eu podia machucar ela também. Não, foi o melhor a fazer. Depois que a Bella parir eu a faço esquecer essa pequena...fuga.
            - Só cuidado para ela não procurar outro para apagar TODO esse fogo!

No dia seguinte ele voltou ao apartamento e Bella foi bem direta.

- Não quero nem falar do que aconteceu, vamos logo a minha cidade.
- Minhas garotas estão apressadas.
- Sim, estamos.

E assim Bella me guiou até sua cidade que podia ser definida em poucas palavras: chuvosa, interiorana e amigável. Era um bom lugar para viver, mas não tinha nada para alguém com a personalidade esfuziante de Bella. Era calmo demais. O centro? Praticamente não existia, eram apenas algumas simples lojinhas e lanchonetes. Como chegamos já próximo às 11hs da manhã resolvemos ir até a famosa campina para o piquenique, depois voltávamos a cidade.
A campina sim, era linda. Mas para chegar lá Bella não tinha dito o quanto teríamos de caminhada ou eu jamais a teria trazido. A caminhada teve de ser lenta para ela conseguir cumprir o percurso, mas quando chegamos valeu a pena. O local tinha grama baixa e lindas flores e depois de estender uma tradicional toalha quadriculada nos sentamos à sombra para almoças os quitutes preparados por minha mulher. Claro que eu podia ter passado em uma padaria e comprado tudo àquilo, mas ela não quis e eu adoro seu tempero. Eram comidas simples como frango assado, bolo de chocolate e salada de frutas, mas tudo com o melhor sabor. Depois de comermos fiz Bella deitar com a cabeça em meus joelhos e descansar um pouco. Ofereci uma massagem, mas ela não quis.
- Prefiro que não, com você é arriscado.
- Não fale assim, não quis te machucar.
- Claro, claro.

Depois levantamos, tarefa para qual Bella precisou de ajuda, e voltamos a cidade para passear mais um pouco, foi um programa totalmente familiar. Eu fui apresentado a escola onde ela estudou, os lugares onde brincou e a lanchonete onde ia com os amigos.
- Manteve contato com alguém?
- Só com Jack e Seth.
- Haaa...não vai ver seus pais? Se quiser eu te acompanho a casa.
- Não, hoje não.
- Então vai me levar onde agora?
- Não temos mais muitas opções. – Com essa nós rimos. – A não ser que queira ver o hospital?
- Não acho boa ideia.
- Você não deboche! Foi parte muito importante da minha infância, eu vivia aqui machucada.
- Imagino. – Quando percebi nós estávamos rindo juntos e eu novamente mais próximo do que devia.
- Edward?
- O que?
- Me beija? – É claro que eu não ia deixar ela falar novamente.

Nos beijamos com paixão. Estávamos no meio da rua, com uma barriga de oito meses de gravidez nos afastando, mas o beijo foi maravilhoso. Se estivéssemos em um lugar a sós eu provavelmente repetiria o mesmo erro de ontem. Mas se desta vez não foi minha filha a interromper...agora foi meu sogro e de uma forma infinitamente menos agradável que um chute no ventre.

- Qual é a razão da pouca vergonha? – Ele gritou, chamou a atenção dos poucos que passavam e Bella empalideceu de susto. Eu tive de responder, falando com meu sogro pela vez.
- Não sei a que se refere senhor Swan. Eu beijar minha mulher é pouca vergonha?
- Sua mulher? – Ele ria desrespeitosamente. – Pensam que só por eu não ter participado da vida de vocês eu fico alienado do que se passa? Não! Eu sei que ela tentou te segurar com um filho, sei que a colocou na rua, que ela se agarrou no pobre do Jacob. Não aguenta ficar sem um homem Bella?
- Charlie, por favor, basta. – Uma mulher deixou uma loja e correu até nós.
- Tem razão Renee. Já basta desta farsa que eles trouxeram à cidade.
- Mãe? – Bella chamou. – Não quer falar comigo?
- Filha, você está linda.
- Vamos Renee. – Charlie saiu levando a esposa.

Bella ficou arrasada com o encontro. Não sabia o que fazer para concertar sua relação com pai e se realmente queria tentar. Talvez não valesse a tentativa. Mas era triste não receber um carinho sequer. Até mesmo meu coração, também duro e pouco sentimental, não era capaz de passar ileso por Bella tão maternal e frágil como se encontrava, mas Charlie não. Ele não suportaria ver aquilo calado novamente.
- Foi sempre assim?
- Não. Enquanto ele acreditou que eu o obedeceria em tudo, fui a filha mais amada e mimada do planeta. Tive tudo o que quis e muito mais, mas custava caro, eu tinha que anular todos os meus desejos para ele estar satisfeito comigo. Quando me rebelei e larguei tudo pela dança ele virou as costas para a filha. Quando casei então...
- Como sabe tanto da nossa vida?
- Jack e Mike têm contato. Ele deve ficar sabendo por eles.
- Esquece eles, tá? Nosso dia foi ótimo, vamos passear mais.
- Não Edward, prefiro ir para casa.
- Não se sente bem? Sua pressão deve ter subido.
- Talvez um pouco, mas eu estou bem. Só quero ir embora.
- Vamos.

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